domingo, 19 de agosto de 2012

Escorpiões: Cautela e respeito andam juntos:

Em algum momento em nossas vidas, já nos deparamos com um escorpião e sempre escutamos de nossos pais:  " - Cuidado, esse "bicho" é extremamente venenoso". De fato são bem venenosos (algumas espécies da Ordem Scorpionida).  Dentro da questão do veneno existem muitos mitos, como por exemplo: - Filhotes de escorpiões não são venenosos.  A verdade sobre este caso é que os filhotinhos dos escorpiões tem a mesma composição do veneno  de um escorpião adulto (tão perigosos quanto), a questão é "onde ha um filhote, ha mais filhotes por perto e no mínimo alguns adultos juntos" isso torna a situação ainda mais perigosa.



Já ouvimos dizer que esses animais quando estão próximos de fogo se sentem ameaçados e imediatamente lançam seu (pós-abdome) agulhão no seu dorso e "se matam" com o próprio veneno.  - mito - pois a composição do veneno foi sintetizada no seu próprio organismo, portanto auto-imune.

Então por que eles "se picam" quando estão cercados por fogo ? 

Simples, pois onde ha fogo, ha queima de oxigênio. Portanto no círculo de fogo a taxa de O2 é muito baixa, dificultando a respiração desse animal, cuja estrutura de respiração (pulmões foliáceos) é exatamente na porção ventral, no pré-abdome e formada por 4 pares de espiráculos.

obs: essa estrutura ventral acima dos espiráculos e parecida com dois pentes é responsável
por receber estímulos do meio ambiente, através das cerdas que
"varrem" o chão conforme sua locomoção.

No momento que o escorpião tenta buscar oxigênio e sente dificuldades para encontrar, o mesmo distende o músculo do pré e pós-abdome para que seus espiráculos fiquem bem abertos, facilitando a passagem do pouco O2 que existe naquele local. Neste momento o agulhão encosta no prossomo (cabeça), as vezes chegando até introduzir o ferrão, mas com certeza este escorpião não morrerá pelo seu próprio veneno e sim pela falta de O2.

Ritual de Acasalamento : Perpetuando a espécie...

Os escorpiões tem uma maneira impar para reproduzir, na maioria das vezes ocorre a partenogênese, ou seja... os escorpiões nascem sem que haja a cópula ou transferência de gametas masculinos. Nascem então escorpiões idênticos à mãe e originados apenas do óvulo, porém de tempos em tempos ha necessidade de mudança genética para enfrentar as adaptações do meio ambiente. É neste momento que ocorre a tão esperada corte do macho para acasalar.

Primeiro o macho encontra a fêmea, deposita os espermatóforos (gametas masculinos) no chão e manobra a fêmea segurando em suas pinças, "dançando" de maneira que a mesma passa em cima dos espermatóforos e seja fertilizada imediatamente. Feito isso, o macho sinaliza para os demais machos com seu abdome (igual à um para-brisa) informando que aquela fêmea já está fertilizada por ele... E assim a espécie se perpetua.

Veja este espetáculo no vídeo abaixo:


                                          http://www.youtube.com/watch?v=-z5gAAMiOjw


Fiquem à vontade para comentar e perguntar. Abraços!


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ninguém vive sozinho, nem mesmo as Orquídeas !

Caros leitores, gostaria de iniciar meu post informando que as adoráveis Orchidaceae ou orquídeas (como preferir) não são e nunca foram parasitas, pois apenas utilizam das grandes copas das mais diversas árvores para ter um lugar ao sol, onde será possível completar todo seu ciclo de vida como qualquer ser vivo. Portanto as orquídeas apenas se apoiam nos módulos das árvores e aproveitam os restos deste substrato para se nutrir. 




Aproveitando este assunto e o título, vou abordar um tema muito curioso entre as orquídeas (sem exceções). A relação entre este vegetal e um fungo que em equilíbrio e  em boas condições de disponibilidade hídrica, são extremamente benéficos e de suma importância para a germinação das sementes de orquídeas. 

As chamadas micorrizas (ou Micorrízicos orquidóides) são fungos que vivem simbioticamente com as orquídeas, mais precisamente em suas raízes na fase adulta, ou seja ambos se beneficiam.  
As sementes das orquídeas são muito frágeis e não contém substâncias nutritivas (óleo, amido, açucar...entre outros) para garantir o desenvolvimento até a faze adulta. Por esse motivo entra em ação os fungos envolvendo fielmente as sementinhas e nutrindo endogenamente de açúcar e água, promovendo então o crescimento do embrião. Após o "nascimento" as mudinhas já são capazes de fazer fotossíntese e passam a garantir sua sobrevivência com mais independência, porém em suas raízes ainda existem muitos fungos auxiliando na captura de água, sais minerais, fosforo, carbono e etc.  

Como isso ocorre ?

Assim como todo ser vivo, se faz necessário a presença de água para haver metabolismo, as orquídeas também, porém de uma maneira bem singular.  
Devido a sua posição bem adaptada, ficam verticalmente em um substrato:



Devemos concordar que dessa maneira a água da chuva escorre no tronco da árvore ou no xaxim com mais rapidez, dificultando a absorção de água pela planta através de suas raízes.  É justamente neste momento que as ectomicorrizas se enrolam nas raízes e com suas hifas (estrutura microscópica de um fungo)  entram nos vasos xilemáticos, passando a se chamar endomicorrizas (onde há transporte de água e sais da raiz para a copa). Um bom fungo que se preza é capaz de reservar água em sí e se mantendo úmido por muito tempo, dessa forma as micorrizas fornecem água e nutrientes provenientes do substrato na medida certa para o desenvolvimento do vegetal e em contra partida o fungo também se beneficia. 


                                            micorrizas (conjunto de hifas - fotomicroscopia)
Portanto muita atenção ao irrigar sua planta, você poderá beneficiar mais os fungos à orquídea e desequilibrará esta perfeita relação. 


Vejam algumas fotos que separei :






Além dessa belíssima relação simbiótica, as orquídeas usam de outros mecanismos para atrair insetos para a polinização... EM BREVE NESTE BLOG. 

Fiquem à vontade para deixar comentários ou perguntas.

domingo, 12 de agosto de 2012

Esclavagismo ou Simbiose...

 Formigas x Pulgões


 Os pulgões são parasitas de certos vegetais, e se alimentam da seiva elaborada que retiram dos vasos liberinos das plantas. 
A seiva elabora é rica em açúcares e pobre em aminoácidos. Por absorverem muito açúcar, os pulgões eliminam o seu excesso pelo orifício retal. Esse açúcar eliminado é aproveitado pelas formigas, que chegam a acariciar com suas antenas o abdômen dos pulgões, fazendo-os eliminar mais açúcar e assim lambendo e se nutrindo.
Muitas vezes, formigas transportam os pulgões para os seus formigueiros e os colocam sobre raízes delicadas, para que delas retirem a seiva elaborada. As formigas cuidam da prole dos pulgões para que no futuro, escravizando-os, obtenham sempre açúcar.  Entretanto as formigas auxiliam os parasitas dos vegetais, quanto a limpeza dos seus indivíduos e a segurança de sua prole. 


Poesia para Botânicos


A Sementinha Feia

Era um pedaço de pó,
tão pequena era a semente!
Sem jeito, ficava a sós
num canto escuro, dormente.
Era tão seca que só
sonhava rios, enchentes.

Era insossa experiência,
desprezível paladar.
Não havia um só inseto
faminto a lhe desejar.
As aves que aqui semeiam
não queriam lhe papar.

Desejava ter arilos
como mantos saborosos -
tez macia-adocicada
dos ingás vertiginosos-,
o leite euforbiácea
- seios fartos, desejosos.

Desejava ter as asas
das sementes dos ipês
e, das brisas vespertinas -
mornas - ficar a mercê
e povoar novos campos
sem adondes nem porquês.

Desejava ter as cores
da bonita olho-de-cabra...
No ladinho uma boa pinta
sobre a pele lisa, glabra
e vestir, na senescência,
o roxo da hora macabra.

Desejava ter o aroma
que reveste o açaí...
ou do cacau fermentado,
do cravo, do licuri,
do óleo da sucupira...
odor doce do pequi...

Queria ter a textura
de veludo do cajá
ou do imbu, de outras sementes...
O liso do jatobá,
a casca firme, teimosa
da castanha-do-pará.

Desejava ser o adorno
do índio, do curandeiro,
a semente disputada
nos jogos de tabuleiro...
Ser o trigo da canção
do grande cantor mineiro.

Era tudo o que queria,
a semente poeirenta:
ser o grão da feijoada,
ser o milho da polenta...
Ter uma carne umedecida,
crassulácea... Suculenta.

Dizem que não era inveja.
Era uma baita insegurança
por ter sido desprezada
pela rude vizinhança.
- Tem planta que não se enxerga
e não cultiva a bonança!

E assim vivia a semente -
se é que isso é viver.
Na densa mata sombria
só desejava não ser!
Quanto mais dela zombavam
menos conseguia ver.

Mas, por ser tão desejosa,
o tempo foi ralentado:
os pingos d'água na mata
eram um relógio marcando
os segundos dessa vida
que por nós passa voando.

Da pequenina semente
apontou um embrião
que se deitou sobre um tronco
da mata, na escuridão.
Surgiram, então, longa folha
e um majestoso pendão.

E da verde haste brotaram
cachos de vermelhas flores
que, ao bocejar, liberavam
o mais raro dos odores.
Atração quase fatal
dos insetos, beija-flores.

Flores de rara textura.
Folhas que logo sugavam
a umidade do ar.
Sementes que funcionavam.
Raízes adaptadas...
Enfim, nada lhe faltava.

E na poça onde dormiam
a chuva e um tempo sem cor,
à primeira luz do dia
foi que a planta se enxergou...
orquídea. A menor semente.
A mais preciosa flor.

(Paulo Robson de Souza - "A Síntese de Poesia")

Rituais de acasalamento

Caros leitores, reparem que para a espécie humana tudo o que se origina da pureza e da inocência nos parece lindo e muitas vezes apaixonantes. Rituais de acasalamento no mundo animal:

Donzelinhas perpetuando a espécie em um lindo ritual de acasalamento "grupal" é um bom exemplo ... Esses insetos próximos de um meio aquático é sinal de água limpa e de boa qualidade, pois escolhem bons lugares para por seus ovos...  Assim como as donzelinhas, as libélulas chamadas popularmente de bate-bu
nda, pelo fato de mergulhar sua porção final do abdome na água a todo momento, tem o hábito de primeiramente em deixar seus descendentes (ovos) em gramas aos redores de lago, lagoa, poços de águas calmas e tranquilas (longe dos anfíbios, predadores fatais). Caso as nossas donzelinhas não encontrem este cenário ideal, elas não tem outra saída a não ser por seus ovos um-por-um dentro d'água.   Assim podemos observar este inseto voando, voando e mergulhando sua "bundinha" na água por vááárias vezes durante um bom tempo. 



São muito espertas e adoráveis !!!


Entre as aves, nos encontramos um dos mais lindos rituais de acasalamento e disputa. Na maioria dos casos já registrados é a fêmea que escolhe qual será o macho ideal para a propagação da espécie bem adaptada e saudável.
Vejam alguns vídeos que separei para vocês: 


Pássaro Rifle.


Durante a primavera, nas águas dos lagos de Oregon, os ganços se encontram para o ritual de acasalamento.A cerimonia começa com uma série de graciosos duetos, nos quais um dos parceiros imita os movimentos do outro, aquele que chegar mais próximo dos movimentos feitos pela fêmea terá a oportunidade de perpetuar sua espécie.



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Como cuidar do meu cacto ?

Boa noite, amantes da botânica !!! rs

Hoje, enquanto caminhava em um hipermercado desses 24H, avistei uma prateleira repleta de cactos... Não pensei duas vezes... Fui logo comprando uma uma !!! rsrsrs
Pensando nisso, resolvi postar hoje algumas dicas para quem gostaria de ter um cacto, porém ainda não sabe como tratá-lo.




Cuidados básicos:

1. Luminosidade: Em sua maioria, são plantas que requerem sol pleno para perfeito desenvolvimento. Se sombreadas, tornam-se estioladas – alongam-se, entortam-se em busca de mais luz. Seus espinhos vão se afinando e perdendo o colorido que lhes dá a beleza e o charme, além de não florirem na ausência da iluminação adequada
2. Solo: O substrato ideal para o cultivo de cactos depende da disponibilidade de cada região. Casca de pinus (tratada) triturada, casca de arroz carbonizada, pó da casca de coco triturada… sempre adicionado de areia grossa lavada, para dar boa drenagem.
Uma dica de substrato, quando não houver outra solução: 1/3 de terra comum, 1/3 de areia grossa e 1/3 de matéria orgânica (humus de minhoca, esterco curtido, etc.)
3. Água: Na natureza, vivem com pouquíssima água, porém, dispõe de raízes longas que recobrem, às vezes, centenas de metros de rochas, de maneira que captam rapidamente qualquer quantia de água.
Em cultivo, normalmente tem suas raízes contidas em pequenos vasos. Ao regar, portanto, deixe o substrato secar completamente, para então regar com abundância, até verter água pela drenagem no fundo do vaso.
Convém evitar regar no inverno, pois normalmente entram em repouso, e água só favorecerá o surgimento de fungos e bactérias.
4. Temperatura: Estão adaptados a sobreviverem em desertos secos e quentes, bem como em locais secos e extremamente frios, como a Cordilheira dos Andes.
5. Vasos: Em regiões mais úmidas, deve-se usar vaso de cerâmica, que favorece a rápida evaporação. Locais mais secos ou muito ventilados, use vaso plástico, proporcional ao tamanho da planta.
6. Replantio: O replantio se dá conforme a necessidade da planta, ditada pelo seu desenvolvimento. Uma planta que passe o verão inteiro sem sinais de crescimento, poderá estar com o substrato esgotado, ou sem espaço para as raízes se desenvolverem.
7. Ventilação e umidade: Locais abafados, como um banheiro, são fatais para um cacto – dê-lhe uma janela ou uma sacada bem ventilada.
Lembre-se de esperar o substrato estar bem seco antes da próxima rega, para não afogar as raízes.
8. Adubação: Se o substrato foi bem preparado, não há com que se preocupar, até porque não há, no mercado brasileiro, adubo específico para cactos.
Caso queira deixar a planta mais vigorosa, use farinha de osso + torta de mamona, de seis em seis meses, uma colher por vaso.
Pragas e Doenças: Suscetível à ataque de cochonilhas e pulgões, que podem levar a planta à morte.
Não aplique os controladores mais usados para estas pragas, do tipo óleo mineral ou óleo de neem – o óleo destrói a cutícula que recobre o cacto, e se não matá-lo deixará com aspecto péssimo.
Melhor retirar a planta do substrato, lavar muito bem com escova macia e sabão até a eliminação total, deixá-lo secar à sombra por uma semana, e preparar novo vaso.

Até breve !


domingo, 5 de agosto de 2012


Comunicação e a Orientação das Abelhas


As abelhas são dotadas de processo de orientação excepcional, que é baseado, principalmente, tendo o sol como referência.
Para retornar à colméia, por exemplo, as campeiras aprendem a situar sua habilitação assim que fazem os primeiros vôos de treinamento e reconhecimento.
Nestes primeiros vôos, as campeiras aprendem a situar a disposição da colméia em relação ao sol, registrando uma posição de que jamais se esquecem. Trata-se de uma espécie de memória geográfica.
É interessante saber as abelhas possuem a rara propriedade de enxergar a luz do sol (que é seu referencial mesmo nos dias nublados e encobertos, graças à sua sensibilidade à radiação ultravioleta emitida pelo sol. As abelhas utilizam o mesmo sistema de orientação - sempre tendo o sol como referencia - para guiar suas companheiras em relação às fontes de alimento recém-descobertas.
Neste caso, quando querem informar sobre a localização e fontes de alimentos, as abelhas campeiras transmitem a informação por meio de um sistema de dança: quando a fonte de alimento está situada a menos de cem metros da colméia, a campeira executa uma dança em círculo, e, quando a fonte de alimento está localizada a mais de cem metros, a campeira dança em requebrado ou em oito.
Nas duas situações, a campeira indica a direção da fonte de alimento pelo ângulo da dança, em relação à posição do sol.



Vejam como realmente ocorre esta maravilhosa comunicação entre as abelhas.